Vida e Morte são forças inconscientes
que habitam o ser humano, presentes tanto nos conflitos mais banais como nos mais
mórbidos e extremos. Tais pares de opostos estão misturados de tal forma a se
revelarem em tudo que o ser humano faz, pensa e sente. Verifica-se, por
exemplo, que na sexualidade há um certo grau de agressividade (em proporções
variadas), onde há amor existe ódio, entre outros. Estas polaridades podem ser
consideradas o “coração” dos conflitos psíquicos dentro de cada um, e podem ser
divididas em conceitos de pulsões de vida – Eros; e pulsões de morte – Thanatos.
Na psicanálise o conceito de pulsão define algo que procura destruir a oposição
entre a mente e o corpo, é algo que impulsiona o organismo a agir de
determinada forma. As pulsões de vida são o que definem a autoconservação do
indivíduo, satisfação de necessidades básicas; e a busca de prazer, satisfação
sexual. As pulsões de morte resumem-se a impulsos agressivos, de apatia, e, no
geral, de autodestruição. As pulsões de vida são, por natureza,
significativamente mais fortes que as pulsões de morte. Quando se verifica o
contrário, trata-se de algum tipo de distúrbio mental a nível depressivo. Pode
dizer-se que o Homem se rege pelo prazer, e pela dor.
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Egon Schiele - Lovers (1909) |
O conflito entre Eros e Thanatos é uma
luta constante pela liberdade e felicidade humanas. Uma vez que, para assegurar
a civilização, o princípio do prazer é ofuscado pelo princípio da realidade.
Desta forma, cada ser humano desenvolve a sua repressão individual, começando
pela infância. O indivíduo realiza uma constante repressão de Eros como
resultado da dinâmica da trilogia Id, Ego e Superego; e do controlo dos princípios
do prazer e da realidade.
O Id é totalmente regido pelo
princípio do prazer. É o que define o indivíduo como organismo, biologicamente.
Localizado na zona inconsciente da mente, não conhece a realidade consciente e
ética, derivando apenas de estímulos instintivos, o que lhe atribui características
amorais.
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Peter Paul Rubens - Saturn Devouring His Son (1636) |
O Ego é a parte consciente da mente, responsável por funções como a percepção,
memória, sentimentos e pensamentos. É orientado pelo princípio da realidade, sendo
influenciado pela interacção entre o sujeito e o ambiente que o rodeia. Assim,
tem em consideração as normas éticas que existem.
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Edward Hopper - A Woman in the Sun (1961) |
O Superego é
a componente inibidora da mente, que atua de
forma contrária ao Id, é responsável pela repressão dos instintos primitivos.
Segue o princípio do dever, e faz o julgamento das intenções do indivíduo, agindo
sempre de acordo com as regras para viver em sociedade. É, então, a componente
moral e social da personalidade de cada um.
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Bernard Hall - Despair [The Suicide] (1916) |
Assim, os instintos de vida são
reunidos num Ego organizado que, de certa forma, força o indivíduo a lidar com
a realidade de acordo com aquilo que lhe é “útil”. O Superego, por sua vez, encaminha
os impulsos do Id, mantendo o Ego equilibrado, e orientando o indivíduo a
remover as barreiras que impedem o prazer, embora sempre de forma racional. Desta
forma, pode dizer-se que o Ego, ou melhor, o “Eu” é “um escravo que deve
obedecer a dois amos/senhores” (-Freud). O ser humano tem, no entanto, tendência a “ouvir”
mais o Superego, a consciência moral. Temos maior tendência para obedecer.
Beatriz Ferreira, nº4
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