Numa
perspetiva de Freud, podem fazer-se duas interpretações acerca do
psiquismo da mente humana: uma primeira que recorre à metáfora do
iceberg e que diz que a mente do Homem está organizada em duas zonas
principais – consciente e inconsciente; e uma segunda
interpretação que apresenta a divisão da mente humana em três
estruturas psíquicas – id, ego e superego.
Freud
considera o inconsciente como sendo o local onde estão
armazenados elementos instintivos não acessíveis à consciência.
Para além disso, há também material que foi excluído da
consciência, censurado e reprimido por estar carregado de um
nível intenso de emoção, tais como: sentimentos pesarosos,
frustrações, lembranças desagradáveis, culpas, medos/fobias,
desejos irrealizáveis, etc. O inconsciente é uma zona psíquica
muito maior quando comparada ao consciente, e exerce uma forte
influência no comportamento e personalidade do indivíduo. Os
materiais inconscientes têm tendência para se tornarem conscientes.
Contudo, há uma censura que impede o acesso às pulsões e
desejos inconscientes, recalcando-os. O recalcamento é então
um mecanismo de defesa que devolve ao inconsciente os materiais que
procuram tornar-se conscientes. É como se no inconsciente
guardássemos animais ferozes e selvagens que procuram constantemente
por uma saída.
Assim,
podemos dividir o inconsciente em duas regiões principais: a
primeira onde se encontram os elementos instintivos, impulsos,
necessidades, pulsões, ou seja, onde se encontra o id
do indivíduo (Estrutura
psíquica inconsciente, primitiva, instintiva,
a partir da qual se formam o ego e o superego. É inata
e está desligada
do real,
não se orientando por normas ou princípios morais, sociais ou
lógicos. Rege-se pelo princípio
do prazer,
que tem como objetivo a realização, a satisfação imediata dos
desejos e pulsões, sendo que grande parte desses desejos é de
natureza sexual. O id é também o reservatório da libido); e uma
segunda região que armazena os conteúdos das memórias reprimidas
pelo ego
(Estrutura psíquica
fundamentalmente consciente,
que se forma a partir do id. Rege-se pelo princípio
da realidade,
orientando-se por princípios lógicos e decidindo quais os desejos e
impulsos do id que podem ser realizados. É o mediador
entre as pulsões inconscientes e as exigências do meio.
Tem de gerir as pressões que recebe do id e as que recebe do
superego. Forma-se durante o primeiro ano de vida aquando dos
primeiros conflitos com as exigências sociais.) e que aí se mantêm
através dos mecanismos de defesa e censura, que são exercidos pelo
superego
(Estrutura psíquica
que corresponde à interiorização das normas, dos valores sociais e
morais,
é o defensor da luta em busca da perfeição – “o superego é,
resumindo, o máximo assimilado psicologicamente pelo indivíduo do
que é considerado o lado superior da vida humana”. Resulta do
processo de socialização, da interiorização de modelos como os
pais, professores e outros adultos. É a componente
ética e moral do psiquismo.
Pressiona o ego para controlar o id. O superego forma-se entre os 3 e
os 5 anos de idade.).
Por
outro lado, o consciente é somente uma pequena parte da mente
do ser humano, que inclui tudo aquilo de que um indivíduo está
ciente num dado momento – imagens, ideias, recordações,
pensamentos, etc. É facilmente acessível através da
introspeção e é a região mais clara, mais próxima da
superfície do ser. É o local onde o ego utiliza todas as memórias
e conhecimentos adquiridos para o processamento do pensamento.
Freud
considerou ainda uma outra zona, que seria um pouco mais profunda ao
consciente, à qual ele designou por pré-consciente. O
pré-consciente, facilmente acessível ao indivíduo, teria como
função o armazenamento de memórias, conhecimentos, ideias,
nomes e fatos que apesar de não serem utilizados no dia a dia,
poderiam ser resgatados sempre que o consciente necessitasse.
Adriana Alves
Nº1
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