quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Freud e a Conceção do Psiquismo

Numa perspetiva de Freud, podem fazer-se duas interpretações acerca do psiquismo da mente humana: uma primeira que recorre à metáfora do iceberg e que diz que a mente do Homem está organizada em duas zonas principais – consciente e inconsciente; e uma segunda interpretação que apresenta a divisão da mente humana em três estruturas psíquicas – id, ego e superego.

Freud considera o inconsciente como sendo o local onde estão armazenados elementos instintivos não acessíveis à consciência. Para além disso, há também material que foi excluído da consciência, censurado e reprimido por estar carregado de um nível intenso de emoção, tais como: sentimentos pesarosos, frustrações, lembranças desagradáveis, culpas, medos/fobias, desejos irrealizáveis, etc. O inconsciente é uma zona psíquica muito maior quando comparada ao consciente, e exerce uma forte influência no comportamento e personalidade do indivíduo. Os materiais inconscientes têm tendência para se tornarem conscientes. Contudo, há uma censura que impede o acesso às pulsões e desejos inconscientes, recalcando-os. O recalcamento é então um mecanismo de defesa que devolve ao inconsciente os materiais que procuram tornar-se conscientes. É como se no inconsciente guardássemos animais ferozes e selvagens que procuram constantemente por uma saída.
Assim, podemos dividir o inconsciente em duas regiões principais: a primeira onde se encontram os elementos instintivos, impulsos, necessidades, pulsões, ou seja, onde se encontra o id do indivíduo (Estrutura psíquica inconsciente, primitiva, instintiva, a partir da qual se formam o ego e o superego. É inata e está desligada do real, não se orientando por normas ou princípios morais, sociais ou lógicos. Rege-se pelo princípio do prazer, que tem como objetivo a realização, a satisfação imediata dos desejos e pulsões, sendo que grande parte desses desejos é de natureza sexual. O id é também o reservatório da libido); e uma segunda região que armazena os conteúdos das memórias reprimidas pelo ego (Estrutura psíquica fundamentalmente consciente, que se forma a partir do id. Rege-se pelo princípio da realidade, orientando-se por princípios lógicos e decidindo quais os desejos e impulsos do id que podem ser realizados. É o mediador entre as pulsões inconscientes e as exigências do meio. Tem de gerir as pressões que recebe do id e as que recebe do superego. Forma-se durante o primeiro ano de vida aquando dos primeiros conflitos com as exigências sociais.) e que aí se mantêm através dos mecanismos de defesa e censura, que são exercidos pelo superego (Estrutura psíquica que corresponde à interiorização das normas, dos valores sociais e morais, é o defensor da luta em busca da perfeição – “o superego é, resumindo, o máximo assimilado psicologicamente pelo indivíduo do que é considerado o lado superior da vida humana”. Resulta do processo de socialização, da interiorização de modelos como os pais, professores e outros adultos. É a componente ética e moral do psiquismo. Pressiona o ego para controlar o id. O superego forma-se entre os 3 e os 5 anos de idade.).

Por outro lado, o consciente é somente uma pequena parte da mente do ser humano, que inclui tudo aquilo de que um indivíduo está ciente num dado momentoimagens, ideias, recordações, pensamentos, etc. É facilmente acessível através da introspeção e é a região mais clara, mais próxima da superfície do ser. É o local onde o ego utiliza todas as memórias e conhecimentos adquiridos para o processamento do pensamento.

Freud considerou ainda uma outra zona, que seria um pouco mais profunda ao consciente, à qual ele designou por pré-consciente. O pré-consciente, facilmente acessível ao indivíduo, teria como função o armazenamento de memórias, conhecimentos, ideias, nomes e fatos que apesar de não serem utilizados no dia a dia, poderiam ser resgatados sempre que o consciente necessitasse.

Adriana Alves
Nº1


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