domingo, 22 de janeiro de 2017

Consciência ou Inconsciência


 Wundt e o consciente, Associacionismo           
        Wundt teve um papel importante na história da psicologia. Demarcou-se do pensamento dominante da época, procurando autonomizar a psicologia da filosofia. Determinou o objeto de estudo - a consciência - , o método de investigação - a introspeção - , os tópicos a serem estudados e os objetivos da nova ciência. Com todas estas suas contribuições foi considerado por muitos o “Pai da psicologia experimental” .
        Influenciado pelas descobertas da química, segundo as quais todas as substâncias químicas são compostas por átomos, foi decompor a mente nos seus elementos mais simples, que são as sensações. Tanto para Wundt como para os seguidores do associacionismo, as operações mentais resultam da organização de sensações elementares que se relacionam com a estrutura do sistema nervoso. E é no seu laboratório, em Leipzing que vai procurar conhecer os elementos constitutivos da consciência, a forma como se relacionam e associam (conceção associacionista).Na sua experiência com o metrónomo, Wundt exigia um grande rigor nas descrições, que seriam quantificadas. O objeto da introspeção é o próprio sujeito, enquanto o objeto das observações que se fazem nas outras ciências é o real exterior ao sujeito.
        Contudo, a introspeção controlada só dava a conhecer os elementos básicos da consciência, as sensações e as perceções; os processos mentais complexos, como a memória e a aprendizagem, não poderiam ser estudados experimentalmente, tendo de se recorrer a metodologias qualitativas.
        Wundt afirma: “Todo o composto psíquico é dotado de características que de modo algum consistem na mera soma das características das partes.” O que quer dizer que as características da consciência não são as mesmas do que as dos seus constituintes.
        Várias críticas foram feitas ao seu trabalho. Um dos que mais criticou o seu método (introspeção controlada) foi Sigmund Freud, que afirmava que este método era demasiado ridículo para ser utilizado na sua investigação. Sugeriu então o método psicanalítico.


Freud e o inconsciente, Teoria Revolucionária
       A perspetiva psicanalítica de Freud surgiu no início do século XX, dando especial importância às forças inconscientes que motivam o comportamento humano.
        Freud, baseado na sua experiência clínica, acreditava que a fonte das perturbações emocionais residia nas experiências traumáticas reprimidas nos primeiros anos de vida. Desta forma, assumia que os conteúdos inconscientes, apenas se encontravam disponíveis para a consciência, de forma disfarçada (através de sonhos e lapsos de linguagem, por exemplo). Neste sentido, Freud desenvolveu a psicanálise, uma abordagem terapêutica que tem por objetivo dar a conhecer às pessoas os seus próprios conflitos emocionais inconscientes. Acreditava que a personalidade forma-se nos primeiros anos de vida, quando as crianças lidam com os conflitos entre os impulsos biológicos inatos, ligados às pulsões e às exigências da sociedade.
        Considerou que estes conflitos ocorrem numa sequência invariante de fases baseadas na maturação do desenvolvimento psicossexual, no qual a gratificação se desloca de uma zona do corpo para outra – da zona oral para a anal e depois para a zona genital. Em cada fase, o comportamento, que é a principal fonte de gratificação, muda – da alimentação para a eliminação e, eventualmente, para a atividade sexual.
        Das cinco fases do desenvolvimento da personalidade, considerou as três primeiras - relativas aos primeiros anos de vida – como sendo cruciais. Sugeriu que, o facto das crianças receberem muita ou pouca gratificação em qualquer uma destas fases, pode levar ao risco de fixação – uma paragem no desenvolvimento – e podem precisar de ajuda para ir para além dessa fase. Acreditava ainda que as manifestações de fixações na infância emergiam em adulto.
        Segundo Freud, durante a fase fálica, no período pré-escolar, quando a zona de prazer muda para os genitais, ocorre um acontecimento-chave no desenvolvimento psicossexual: os rapazes desenvolvem uma ligação ou vínculo sexual à mãe e as raparigas ao pai e veem como rival a figura parental do mesmo sexo (denominado de “Complexo de Édipo”); o rapaz aprende que a rapariga não tem pénis, assumindo que aquele foi cortado e teme que o seu pai o possa também castrar. A rapariga, por sua vez, experiencia, o que Freud chamou de inveja do pénis e culpa a sua mãe por não lhe ter dado um pénis. Possivelmente, as crianças resolvem a sua angústia identificando-se com a figura parental do mesmo sexo. Durante o período escolar, fase da latência, as crianças acalmam, socializam-se, desenvolvem competências e aprendem acerca de si própria e da sociedade. A fase genital, a última fase subsiste pela vida adulta. As mudanças físicas da puberdade reativam a libido, a energia que alimenta as pulsões sexuais.
        As pulsões sexuais da fase fálica, reprimidas durante a latência, voltam a emergir para fluir de uma forma socialmente aceite, naquilo que Freud definiu como relações heterossexuais com pessoas fora da família de origem.
        A psicanálise tornou se assim uma teoria revolucionária, esta triunfou perante a teoria associacionista de Wundt graças ao tratamento eficaz de certas doenças mentais. Houve então, na sociedade, uma mudança de paradigmas.
       “A criança é o pai do Homem”

 




                                                                                                                  
                                                                                             Maria Rui, nº 15







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