Wundt e o consciente, Associacionismo
Wundt teve um papel importante na história da
psicologia. Demarcou-se do pensamento dominante da época, procurando
autonomizar a psicologia da filosofia. Determinou o objeto de estudo - a consciência
- , o método de investigação - a introspeção - , os tópicos a serem estudados
e os objetivos da nova ciência. Com todas estas suas contribuições foi
considerado por muitos o “Pai da psicologia experimental” .
Influenciado pelas descobertas da química,
segundo as quais todas as substâncias químicas são compostas por átomos, foi
decompor a mente nos seus elementos mais simples, que são as sensações. Tanto
para Wundt como para os seguidores do associacionismo, as operações mentais
resultam da organização de sensações elementares que se relacionam com a
estrutura do sistema nervoso. E é no seu laboratório, em Leipzing que vai
procurar conhecer os elementos constitutivos da consciência, a forma como se
relacionam e associam (conceção associacionista).Na sua experiência com o
metrónomo, Wundt exigia um grande rigor nas descrições, que seriam
quantificadas. O objeto da introspeção é o próprio sujeito, enquanto o
objeto das observações que se fazem nas outras ciências é o real exterior ao sujeito.
Contudo, a introspeção controlada só dava a conhecer os elementos básicos da
consciência, as sensações e as perceções; os processos mentais complexos, como
a memória e a aprendizagem, não poderiam ser estudados experimentalmente, tendo
de se recorrer a metodologias qualitativas.
Wundt afirma: “Todo o composto
psíquico é dotado de características que de modo algum consistem na mera soma
das características das partes.” O que quer dizer que as características da
consciência não são as mesmas do que as dos seus constituintes.
Várias críticas foram feitas ao
seu trabalho. Um dos que mais criticou o seu método (introspeção controlada)
foi Sigmund Freud, que afirmava que este método era demasiado ridículo para ser
utilizado na sua investigação. Sugeriu então o método psicanalítico.
Freud e o inconsciente, Teoria Revolucionária
A perspetiva psicanalítica de
Freud surgiu no início do século XX, dando especial importância às forças
inconscientes que motivam o comportamento humano.
Freud, baseado na sua
experiência clínica, acreditava que a fonte das perturbações emocionais residia
nas experiências traumáticas reprimidas nos primeiros anos de vida. Desta
forma, assumia que os conteúdos inconscientes, apenas se encontravam
disponíveis para a consciência, de forma disfarçada (através de sonhos e lapsos
de linguagem, por exemplo). Neste sentido, Freud desenvolveu a psicanálise, uma
abordagem terapêutica que tem por objetivo dar a conhecer às pessoas os seus
próprios conflitos emocionais inconscientes. Acreditava que a personalidade
forma-se nos primeiros anos de vida, quando as crianças lidam com os conflitos
entre os impulsos biológicos inatos, ligados às pulsões e às exigências da
sociedade.
Considerou que estes conflitos
ocorrem numa sequência invariante de fases baseadas na maturação do
desenvolvimento psicossexual, no qual a gratificação se desloca de uma zona do
corpo para outra – da zona oral para a anal e depois para a zona genital. Em
cada fase, o comportamento, que é a principal fonte de gratificação, muda – da
alimentação para a eliminação e, eventualmente, para a atividade sexual.
Das cinco fases do
desenvolvimento da personalidade, considerou as três primeiras -
relativas aos primeiros anos de vida – como sendo cruciais. Sugeriu que, o
facto das crianças receberem muita ou pouca gratificação em qualquer uma destas
fases, pode levar ao risco de fixação – uma paragem no desenvolvimento – e
podem precisar de ajuda para ir para além dessa fase. Acreditava ainda que as
manifestações de fixações na infância emergiam em adulto.
Segundo Freud, durante a fase
fálica, no período pré-escolar, quando a zona de prazer muda para os genitais,
ocorre um acontecimento-chave no desenvolvimento psicossexual: os rapazes
desenvolvem uma ligação ou vínculo sexual à mãe e as raparigas ao pai e veem
como rival a figura parental do mesmo sexo (denominado de “Complexo de Édipo”);
o rapaz aprende que a rapariga não tem pénis, assumindo que aquele foi cortado
e teme que o seu pai o possa também castrar. A rapariga, por sua vez,
experiencia, o que Freud chamou de inveja do pénis e culpa a sua mãe por não
lhe ter dado um pénis. Possivelmente, as crianças resolvem a sua angústia
identificando-se com a figura parental do mesmo sexo. Durante o período
escolar, fase da latência, as crianças acalmam, socializam-se, desenvolvem
competências e aprendem acerca de si própria e da sociedade. A fase genital, a
última fase subsiste pela vida adulta. As mudanças físicas da puberdade
reativam a libido, a energia que alimenta as pulsões sexuais.
As pulsões sexuais da fase
fálica, reprimidas durante a latência, voltam a emergir para fluir de uma forma
socialmente aceite, naquilo que Freud definiu como relações heterossexuais com
pessoas fora da família de origem.
A psicanálise tornou se assim uma
teoria revolucionária, esta triunfou perante a teoria associacionista de Wundt
graças ao tratamento eficaz de certas doenças mentais. Houve então, na sociedade,
uma mudança de paradigmas.
“A criança é o pai do Homem”
Maria Rui, nº 15
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