Piaget, 1973
Definição de inteligência segundo “Mainstream Science on Intelligence”, assinada por cinquenta e dois pesquisadores em inteligência, 1994:
O objetivo da educação, segundo Piaget, e a definição de inteligência acima apresentada em nada se identificam com uma escola de massas.
O papel da escola, que enfatiza os alunos rápidos e eficientes e o desempenho dos alunos em testes padronizados, não garante o sucesso destes na sociedade, especialmente numa sociedade em constantes modificações, em que o indivíduo precisa de resolver problemas e elaborar estratégias, não apenas relacionadas às habilidades linguísticas e lógico-matemáticas. “Não é uma mera aprendizagem literária, uma habilidade estritamente académica ou um talento para sair-se bem em provas” (Mainstream Science on Intelligence, 1994).
Pelo contrário, o professor que envolve o aluno no processo de aprendizagem, criando um relacionamento afetivo com ele, torna possível a construção do conhecimento. No entanto, muitas vezes, já no planeamento da aula, o professor, na maioria das vezes inconscientemente, utiliza estratégias que estão relacionadas às inteligências múltiplas mais desenvolvidas no decorrer da sua vida. Para que o professor forme cidadãos, pessoas preparadas para aprender a aprender, tem de compreender o verdadeiro significado de inteligência e como acontece o processo de aprendizagem pelo aluno, respeitando-o nas suas individualidades e considerando as suas capacidades. O processo educativo, quando significativo, é aquele que considera o educando em todas as suas particularidades, sendo este capaz de aplicar o conhecimento adquirido em situações práticas, para que “possam analisar e não aceitar tudo que lhes é oferecido”, para que "sejam capazes de fazer novas coisas e não simplesmente repetir o que outras gerações fizeram" (Piaget,1973). Este processo não é uma tarefa fácil, requer do profissional da educação um trabalho centrado no aluno, priorizando o seu desenvolvimento enquanto sujeito ativo do conhecimento.
No entanto, também não é possível aprender se não se estiver predisposto para isso. A responsabilidade está, cada vez mais, do lado dos alunos, que têm de querer aprender: o professor deve incentivar o aluno, mas este não pode ser passivo.
Num mundo cada vez mais complexo, a inteligência deve ser perspetivada num âmbito mais lato. Impõe-se uma nova realidade que requer o envolvimento de aspetos como; a criatividade, o talento para organizar, o entusiasmo, a destreza psicológica e as atitudes humanitárias. “A habilidade de raciocinar, planejar, resolver problemas, pensar de forma abstrata, compreender ideias complexas, aprender rápido e aprender com a experiência ” (Mainstream Science on Intelligence, 1994) envolve qualidades emocionais e sociais. Alguém privado das suas emoções, dificilmente consegue tomar decisões racionais, assumindo mesmo que, sem emoções, não existirão raciocínios assertivos.
Assim, deixando de parte a memorização, o ensino deve concentrar-se mais na experiência e na criação de um espírito crítico que contribuirá, no futuro, para a criação de uma sociedade criativa, inventiva, fluída e com indivíduos dispostos a criar o que ainda não existe e a criticar o que necessita de ser criticado, ao invés de uma sociedade estagnada, sem espírito evolutivo, desinteressada e que aceita apenas o que lhes é apresentado.
Na minha opinião a sociedade necessita de um ensino baseado na experimentação, no espírito crítico e principalmente no raciocínio, para a criação de uma sociedade dinâmica e evolutiva, disposta a criar a partir de ideias abstratas, pois apenas deste modo o mundo em que vivemos avançará.
Vítor Alexandre Silva, n.º 20
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